Ocorreu
neste final de semana, em Yulin, na China, um polêmico festival em que mais de
10 mil cachorros foram mortos para virar comida. O evento foi condenado por
organizações protetoras de animais e está mobilizando milhares de internautas
que pedem o cancelamento da celebração.
Cerca de um
milhão de pessoas assinaram um abaixo-assinado no site Change.org pedindo que o
festival fosse cancelado. A hashtag #stopyulin2015 (parem Yulin 2015) circulou
com força nas redes sociais.
Mas isso
não impediu que a festividade tivesse início neste sábado. Restou aos ativistas
ações individuais: segundo a agência de notícias AFP, uma chinesa de 65 anos
gastou US$ 1.000 para comprar cem cachorros e impedir que eles fossem mortos
para o festival.
O Festival de
Carne de Cachorro de Yulin é uma popular celebração que vem dos anos 90 e tem
como objetivo comemorar o solstício de verão - dia mais longo do ano - com o
consumo de milhares destes animais.
Os
ativistas que se opõem ao festival dizem que ele "traz como consequência o
aumento dos roubos de cães de rua e domésticos" e denunciam as péssimas
condições dos canis onde se criam cachorros para que sejam sacrificados para o
festival.
Além disso,
destacam que o consumo de carne de cão pode não ser bom para a saúde - algo do
qual os praticantes discordam, já que atribuem efeitos benéficos à ingestão de
carne de cachorro.
"Matar
cachorros por sua carne é algo cruel e além disso é um risco para quem a
ingere, já que muitos dos animais caçados podem estar doentes", disse ao
jornal Global Times Zhou Yusong, da Associação de Proteção de Pequenos Cães da
China (CSAPA), uma das organizações que lideram os protestos.
Vale
lembrar que comer carne de cachorro não é ilegal na China, mas não existe
consenso sobre o quão tradicional é esta prática.
Nas redes
sociais chinesas, muitos usuários demonstraram preocupação pelo bem-estar dos
animais consumidos em Yulin, enquanto outros disseram que é preciso respeitar
as tradições da província de Guangxi.
Esses
últimos acusam as organizações ocidentais que se opõem ao festival de
hiprocrisia, destacando que para alguns chineses o consumo de carne de cachorro
é tão comum quanto o consumo de carne de vaca em muitos países.
"O
consumo de carne de cachorro na China aumentou nos últimos 30 anos, à medida em
que o país enriqueceu, mas não é fácil encontrar esse tipo de carne",
disse à BBC Sam Geall, editor do blog de meio ambiente China Dialogue.
"Viajo
pela China há 15 anos e nunca me ofereceram carne de cachorro", diz ele,
acrescentando que, às vezes, festivais como o de Yulin são celebrados para
atrair turistas, e não tanto por seu caráter tradicional.
Nas últimas
semanas, organizações como a CSAPA organizaram vigílias noturnas em cidades do
norte do país como Pequim para pedir a proibição do festival.
A
prefeitura da cidade, de acordo com a agência de notícias AFP, tentou se
distanciar do evento.
"Alguns
moradores de Yulin tem o hábito de se reunir para comer lichia e carne de
cachorro durante o solstício de verão. É um termo comercial, mas a cidade nunca
organizou (oficialmente) um 'festival de carne de cachorro", disse o
governo local no Sina Weibo, uma espécie de Twitter chinês.
Fonte: G1.COM
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