As atrações dos circos não foram sempre animais treinados, malabaristas e palhaços. No fim do século 19 e início do século 20, anomalias humanas foram destaques nos shows, que ficaram conhecidos como “Circo de Horrores” (em inglês: “freak shows”). Esses circos eram muito populares nos EUA, com elencos que incluíam anões, albinos e qualquer tipo de pessoa que fosse deformada por doenças.
O norte-americano Phineas Barnum é considerado o pioneiro do ramo. Ele começou fazendo caravanas de animais adestrados e apresentações falsas e, em 1881, fundou seu circo com James Bailey e L. James Hutchinson, chamado Barnum & Bailey’s.
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O Barnum & Bailey’s era uma espécie de Cirque du Soleil do século 19, com uma diferença importante: no lugar de animais, curiosidades humanas eram apresentadas. Pessoas pagavam para sentar-se sob a lona e ver, ao vivo e em cores, aquelas que eram consideradas “aberrações da natureza”. O circo tornou-se o maior do mundo.
Essas pessoas com deformidades eram abandonadas ao nascer devido a suas condições. Por isso, as apresentações nos circos acabavam sendo sua única fonte de renda e de sobrevivência. Como ainda não havia o conceito de direitos humanos, os espetáculos mostravam cenas horrendas que, de tão curiosas, chamavam a atenção.
O Homem Cachorro
Portador de uma doença que provoca crescimento excessivo de pelos no rosto, chamada hipertricose. Extremamente rara nos dias atuais. Fiodor Jeftichew, era trilíngue, mas foi apresentado ao público como uma besta. Latia para assustar a plateia, enquanto Barnum narrava a história de como Fiodor havia sido capturado por um caçador que seguiu sua família de homens-cães até uma caverna.
A Família Lucasie
Os Albinos eram vistos como pessoas extremamente bizarras. Os Lucasie nasceram na Holanda, mas no script do show de horrores, eram apresentados como sendo de Madagascar. Além disso, também era dito que tinham “olhos quadrados” e que dormiam de olhos abertos.
O Homem Coruja
Talvez esta seja a mais curiosa “bizarrice”, mesmo para os padrões atuais. Martin Laurello alegou ter treinado por três anos até conseguir o feito de girar sua cabeça 180º – e o cara realmente conseguia! Andar nessa posição, no entanto, era difícil, pois lhe faltava ar. A foto ao lado foi feita pela revista Life em 1940.
O Homem Elefante
Por muito tempo, acreditou-se que Joseph Merrick possuía elefantíase. O crescimento anormal de seus ossos teve início aos cinco anos de idade, quando começou a apresentar-se no arnum & Bailey’s. Sua doença não o permitia dormir deitado, apenas sentado, pois poderia morrer sufocado – e foi o que aconteceu quando Merrick tinha 27 anos. O que ele possuía era Síndrome de Proteus, condição extremamente rara que provoca crescimento exagerado de tumores subcutâneos pelo corpo.
Francesco A. “Frank” Lentini nasceu com 3 pernas e 2 órgãos sexuais na ilha de Sicília, Itália. Seus pais o rejeitaram acreditando que era uma obra do tinhoso. Nos dias atuais, sabe-se que Frank possuía a condição conhecida como gêmeo parasita. Ou seja, o feto de seu irmão gêmeo alojou-se na coluna, por isso tentar removê-lo poderia paralisar o garoto. Aprendeu a andar, patinar no gelo e pular corda. Aos oito anos, entrou para o show business. Sua terceira perna era usada para chutar uma bola, daí o nome artístico que recebeu.
As Irmãs Siamesas
Daisy e Violet foram as mais bem-sucedidas irmãs siamesas do freak show. Unidas no quadril e nas nádegas, compartilhavam apenas a circulação sanguínea. Eram gêmeas pygopagus: idênticas que se fundiram pela pélvis no útero. Adotadas aos dois meses pela patroa da mãe, foram logo levadas ao Circo de Horrores e cresceram apresentando-se. Violet e Daisy participaram de alguns filmes e lutaram a vida inteira contra o preconceito devido à sua “anormalidade”. Seus corpos foram encontrados em 1969; padeceram da Gripe de Hong Kong, que matou um milhão de pessoas na época. Daisy morreu primeiro e Violet, 3 dias depois.
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