Um termo japonês que muitos de nós simplesmente não conseguimos entender: karoshi, ou simplesmente "morrer de tanto trabalhar".
Relatos de profissionais japoneses morrendo depois de jornadas de trabalho exaustivas estão nos noticiários há décadas. E os números indicam que não se trata de uma lenda urbana.
Esse fenômeno social foi inicialmente identificado em 1987, quando o Ministério da Saúde japonês começou a registrar os dados depois da morte repentina de uma série de executivos em altos cargos.
Mas, o primeiro caso de karoshi foi relatado em 1969 com a morte relacionada a derrame de um trabalhador, homem de 29 anos no departamento de remessa da maior companhia de jornal do Japão.
O problema é tão generalizado que se uma morte for considerada karoshi, a família da vítima recebe uma compensação do governo da ordem de US$ 20 mil por ano, além de uma indenização da empresa, que pode chegar a US$ 1,6 milhões.
Para isso, a vítima precisa ter trabalhado mais de 100 horas extras no mês anterior à sua morte - ou 80 horas extras por dois meses consecutivos ou mais nos seis meses anteriores. Só no ano de 2015, morreram 189 pessoas devido a fadiga laboral no Japão
Apesar de agora se estar a registar uma subida nos números, o problema do karoshi já teria sido pior. As décadas de 70 e 80, ficaram marcadas pelo boom económico japonês. Nesse tempo, estima-se que cerca de 10 mil pessoas morriam anualmente devido ao excesso de trabalho, embora não haja números oficiais relativos a este período.
Os trabalhadores japoneses têm direito a 20 dias de férias por ano, mas atualmente 35% deles não usam nenhum dia sequer.
Dados oficiais apontam que há centenas de casos anuais de "karoshi" no país, incluindo enfartos, derrames e suicídios decorrentes da estafa profissional extrema. Mas ativistas acreditam que o número real seja muito mais alto.
Quase um quarto das empresas japonesas tem empregados que excedem 80 horas extras semanais por mês - muitas vezes sem ganhos extras -, diz um estudo recente.
E, em 12% das empresas, os funcionários fazem mais de 100 horas extras por mês.
São números significativos: é a partir de 80 horas extras no mês que se nota um aumento da possibilidade de morte do funcionário.
No início deste ano, o governo lançou as "sextas premium", estimulando as empresas a permitir que seus funcionários saiam mais cedo - às 15hs - na última sexta-feira do mês. Também incentivam os funcionários a tirar mais dias de folga.
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